23 janeiro 2025

Nota Cultural: Rubens Paiva, herói do povo brasileiro!


O filme "Ainda Estou Aqui" deu visibilidade a Rubens Paiva, desaparecido político da ditadura militar. Mais destaque conseguiu o filme com o prêmio Globo de Ouro de melhor atriz de drama, conferido a Fernanda Torres, no papel de Eunice Paiva, viúva de Rubens.

O filme, baseado no livro homônimo do escritor Marcelo Rubens Paiva, filho de Rubens Paiva, se concentra na vida da família na zona sul do Rio de Janeiro, com uma visão até certo ponto idílica, que teve a normalidade de sua vida interrompida pela prisão e desaparecimento do pai.

O diretor Walter Salles optou por uma narrativa centrada na vida familiar, pode-se dizer até intimista. Mas desborda as questões políticas do período, tratadas quase como incidentais. E mal toca nas questões da tortura e assassinato de Rubens Paiva.

Essa opção narrativa do diretor levou a uma subestimação da figura e da trajetória de Rubens Paiva. Deputado pelo antigo PTB de São Paulo, Rubens iniciou sua militância política no movimento estudantil. Foi vice-presidente da UEE de São Paulo e participante ativo da campanha "O Petróleo é Nosso". Eleito em 1962, seu mandato esteve na linha de frente da defesa das Reformas de Base.

Foi integrante da CPI Ipes/lbad, entidades que foram o centro da conspiração que levou ao golpe militar de 64. A cessação de seu mandato foi, em grande parte, devida à atuação nessa CPI. No golpe, conclamou trabalhadores e estudantes a reagir ao golpe, denunciando o então governador Ademar de Barros por seu papel na quebra da ordem democrática. Essa posição está registrada em um pronunciamento na rádio Nacional, feito na noite de 1º de abril de 1964.

Depois de um exílio na lugoslavia e na França, Rubens retorna ao Brasil, trabalhando como engenheiro em empresas de construção civil e depois na própria empresa de engenharia.

Rubens Paiva foi preso em janeiro de 1971, enquanto apoiava Movimento Revolucionário 8 de Outubro. Através de Paiva, a repressão esperava chegar no dirigente do MR 8, Carlos Alberto Muniz e em Carlos Lamarca.

Rubens Paiva foi torturado primeiro no Centro de Informações da Aeronáutica e depois no tristemente famoso Quartel da Avenida Barão de Mesquita, sede do DOI-CODI RJ, onde foi assassinado sob torturas. Seu corpo sofreu duas tentativas de ocultação até ser atirado ao mar.

Longe do que certos publicistas deram a entender, Rubens Paiva não era um 'bom burguês', no sentido de um homem rico simpático à causa. Rubens Paiva tem uma trajetória de vida, e seu martírio evidencia, em prol dos trabalhadores e do povo brasileiro.

Em memória à sua luta e em sua homenagem publicamos aqui o vídeo do YouTube, em que Paiva conclama os estudantes e o povo a reagirem ao golpe de Estado de 1964:

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